Uma breve biografia do Profeta Muhammad (parte 2 de 2): Período em Medina
Descrição: Construindo a nação islâmica.
Por Aisha Stacey (© 2013 NewMuslims.com)
Publicado em 22 Dec 2019 - Última modificação em 04 Dec 2016
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Objetivos:
·Entender como foi estabelecido o primeiro Estado Islâmico.
Termos em árabe:
·Hajj - É a peregrinação a Meca onde o peregrino realiza um conjunto de rituais. O Hajj é um dos cinco pilares do Islam, e todo muçulmano adulto deve realizá-lo ao menos uma vez em sua vida se tem meios econômicos e é fisicamente capaz (para realizar a viagem).
·Umrah - Peregrinação a Casa Sagrada de Allah, na cidade de Meca, Arábia Saudita. É conhecida como a peregrinação menor. Pode ser realizada em qualquer época do ano.
·Hijrah - (Em português hégira): é o ato de emigrar de um local para outro. No Islam, a Hijrah se refere à imigração dos muçulmanos de Meca até Medina, e também marca o início do calendário islâmico.
·Muhajirun - Aqueles que imigraram. Mais especificamente e usualmente se refere àqueles que emigraram de Meca para Medina.
·Ansar - Auxiliadores. As pessoas de Medina que abriram suas casas, suas vidas e sua cidade ao Profeta Muhammad e seus seguidores que chegavam de Meca.
A cidade de Yathrib, a mais de 200 milhas ao norte de Meca, necessitava de um líder forte, e uma delegação propôs a Muhammad que aceitasse tal tarefa. Em troca prometeram adorar somente a Allah, obedecer a Muhammad e defendê-lo, assim como a seus seguidores, até a morte. O Profeta Muhammad (que a misericórdia e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) fez planos para fugir para Yathrib.
Os muçulmanos partiram em pequenos grupos ou individualmente e os mequenses se deram conta da inutilidade de tentar impedi-los. Decidiram pôr em prática o plano de matar o Profeta Muhammad. As tribos concordaram em atuar em conjunto e assassinar o Profeta enquanto ele dormia. Dessa forma, ninguém ou nenhum clã poderia ser culpado, excluindo assim uma guerra por vingança.
O plano foi sabotado pela intervenção divina; Allah informou o Seu Profeta do perigo e ordenou-lhe que deixasse secretamente Meca e fosse para a cidade de Yathrib. O Profeta Muhammad (que a misericórdia e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e seu amigo mais próximo, Abu Bakr, deixaram Meca na escuridão da noite e procuraram refúgio em uma caverna. A sua viagem até Medina é uma história cheia de acontecimentos e inspiração, que será abordada em detalhe em futuras lições, in sha Allah. A cidade de Yathrib logo se tornaria Medina, a cidade da luz ou a cidade iluminada, possivelmente em reconhecimento à luz que a nação islâmica traria ao mundo.
Quando o Profeta Muhammad e Abu Bakr finalmente chegaram à cidade de Yathrib, houve uma grande celebração. Essa viagem é conhecida como a Hijrah e marca o início do calendário islâmico. Muitos dos habitantes de Yathrib já tinham se convertido ao Islam e o Profeta Muhammad uniu os homens de Medina aos que tinham chegado de Meca com um vínculo de irmandade. Esse foi um exemplo perfeito da efetivação do grande código islâmico, que reconhece cada muçulmano como um irmão ou irmã. Tudo o que os muçulmanos de Medina tinham era alegremente partilhado com os imigrantes, o povo de Meca.
Durante o segundo ano da Hijrah, o Profeta Muhammad ordenou a elaboração do documento conhecido como a Constituição de Medina. Ele definiu as relações entre os vários grupos da primeira comunidade islâmica através da integração de grupos tribais e diferentes classes sociais e econômicas. É um documento imbuído de conceitos islâmicos de justiça social e tolerância religiosa. No mesmo ano, a orientação das orações diárias foi alterada por ordem divina de Jerusalém para Meca, diferenciando assim o Islam como uma religião monoteísta muito diferente do Judaísmo e do Cristianismo.
Algumas famílias de Medina e algumas figuras proeminentes se abstiveram, porém, eventualmente todos os árabes de Medina abraçaram o Islam. Ainda assim, persistiram as divisões tribais e religiosas. Como o Profeta Muhammad (que a misericórdia e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) integrou a nova comunidade islâmica (os Muhajirun e os Ansar), a inimizade entre as comunidades judias de Medina e a emergente nação islâmica cresceu, igual era a inimizade entre os mequenses e os muçulmanos. Porém, o Profeta Muhammad não quis lutar contra nenhum inimigo dos dois grupos até que Allah tivesse lhe concedido permissão.
Quando os Muhajirun emigraram de Meca para Medina, foram forçados a deixar suas casas e suas propriedades acabaram confiscadas. Os chefes de Meca usaram o dinheiro confiscado no comércio e nos negócios. Em 624 E.C., os muçulmanos receberam a notícia de uma caravana comercial pertencente aos chefes de Meca que passaria por uma rota comercial perto de Medina. O Profeta Muhammad pediu aos muçulmanos que tomassem a caravana em troca das suas riquezas que foram confiscadas em Meca. Isso levou a uma batalha decisiva em um lugar chamado Badr, onde um exército de 1.000 mequenses lutaram contra uma força mal equipada e muito menor de 313 muçulmanos. A Batalha de Badr foi um evento muito significativo na história do Islam. Os muçulmanos alcançaram uma vitória notável; no entanto, nove dos companheiros mais próximos do Profeta foram mortos. Embora pareça um ataque insignificante num deserto distante, essa batalha mudou a história do mundo.
No entanto, os mequenses não desistiram do seu objetivo de destruir a comunidade islâmica e, em 625, enviaram um exército de 3.000 homens; essa força encontrou os muçulmanos perto da montanha Uhud, próximo a Medina. Os muçulmanos tiveram algum sucesso no início do confronto, mas durante a batalha muitos dos seguidores do Profeta Muhammad fugiram pensando que o Profeta tivesse sido atingido, mas a notícia era falsa. Ferido, o Profeta Muhammad foi protegido e levado para um lugar seguro; no entanto, vários muçulmanos destacados perderam suas vidas nessa batalha.
Os judeus de Medina, que tinham sido banidos para a cidade de Khaybar depois da batalha de Uhud exortaram os Quraish a continuar a batalha contra a comunidade de Medina. Um exército de 10.000 homens marchou até Medina, mas foram frustrados pela vala que os muçulmanos cavaram ao redor da cidade. Incapazes de atravessar a vala, o exército de Meca cercou a cidade sem sucesso. O exército invasor começou gradualmente a dispersar-se, deixando os muçulmanos vitoriosos nessa batalha, que ficou conhecida como a "Batalha da Vala".
No ano 628 E.C., quando a comunidade islâmica estava mais bem estabelecida, o Profeta Muhammad viajou com um grande número de pessoas, levando consigo muitos animais destinados ao sacrifício, a caminho de Meca, com a intenção de realizar a Umrah. Um contingente mequenses bloqueou o caminho para Meca, então eles tiveram que acampar em um lugar chamado Al Ḥudaibiyah. O Profeta enviou um companheiro para negociar uma visita pacífica; enquanto aguardava o resultado das conversas, o Profeta reuniu seus seguidores e os fez jurar que o seguiriam em qualquer circunstância até a morte. O companheiro voltou com um grupo de líderes de Meca e estabeleceram um compromisso de dez anos de trégua, conhecida como o Tratado de Hudaibiyah.
Esse tratado reconheceu os muçulmanos como uma nova força na Arábia e deu-lhes a liberdade de se moverem com segurança por toda a região. No entanto, os mequenses violaram o tratado um ano depois, mas nessa altura o equilíbrio entre eles já havia mudado. No início dos anos 630, os muçulmanos partiram para Meca e juntaram-se a eles tribo após tribo ao longo do caminho. Entraram em Meca sem derramamento de sangue ou recriminações. O Profeta Muhammad (que a misericórdia e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) perdoou as injustiças cometidas contra a comunidade muçulmana, e os mequenses começaram a se juntar à nação islâmica. Isso ficou conhecido como a Conquista de Meca.
No ano 632 E.C., o Profeta Muhammad realizou o seu primeiro e único Hajj. Durante sua viagem a Meca, pronunciou seu célebre Sermão de Despedida no qual foram revelados os últimos versículos do Alcorão, completando assim o Livro Sagrado. “…Nesse dia eu aperfeiçoei a religião para vós, completei meu favor sobre vós, e escolhi para vós o Islam como religião…” (Alcorão 5:3).
Mais tarde, nesse mesmo ano, O Profeta Muhammad sofreu de febre alta e faleceu. Sua morte abalou a jovem nação islâmica, sua família e amigos, afligidos pela dor, enterraram seu amado Profeta na casa de sua esposa Aisha (que Allah esteja satisfeito com ela).
Cem anos depois de sua morte, o legado do Profeta Muhammad, o estabelecimento de uma nova religião e de uma nova ordem, se espalhou do Atlântico ao Mar da China e da França à Índia. O Profeta Muhammad (que a misericórdia e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) foi um reformador, um político, um líder militar, um legislador e um revolucionário. Esse homem humilde, bondoso e tolerante realizou uma revolução social e estabeleceu uma religião que hoje tem mais de 1,5 bilhão de seguidores.
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