Os Califas Bem Guiados: Umar ibn Al-Khattab (parte 2 de 2)
Descrição: Uma breve biografia do companheiro, amigo e segundo Califa Bem Guiado do Islam.
Por Aisha Stacey (© 2013 NewMuslims.com)
Publicado em 02 Jan 2020 - Última modificação em 03 May 2015
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Objetivo:
·Aprender sobre a vida de Umar Ibn Al-Khattab e compreender sua importância na história do Islam.
Termos em árabe:
·Qadi - Um muçulmano que toma decisões legais, de acordo com a Shariah.
·Shariah – Lei Islâmica.
·Shura – O princípio de consulta, em particular quando aplicado ao governo.
·Khalifah (plural: Khulafa’) – Califa. Às vezes soletrado Khalif. Ele é o principal governante religioso e civil muçulmano, considerado o sucessor do Profeta Muhammad. Um califa não é um monarca.
·Ummah – Refere-se à toda comunidade muçulmana, a despeito de cor, raça, idioma ou nacionalidade.
·Diwan – Nas sociedades islâmicas trata-se de um departamento financeiro central, um escritório administrativo principal ou um órgão governamental regional.
·Hijrah (Hégira, em português) – É o ato de migrar de um lugar para outro. No Islam a Hégira refere-se aos muçulmanos migrando de Meca para Medina, marca também o início do calendário islâmico.
·Sunnah – A palavra Sunnah tem vários significados segundo a área de estudo; contudo o significado que geralmente se lhe atribui é: palavras, ações e aprovações do Profeta.
·Hadith – (plural – ahadith) é uma peça de informação ou uma história. No Islam é uma narrativa registrada dos ditos e ações do Profeta Muhammad e seus companheiros.
Foi Abu Bakr que escolheu Umar para ser o segundo khalifah (Califa) do Islam. Em seu leito de morte, ele juntou seus amigos e conselheiros e pediu-lhes que escolhessem seu sucessor dentre eles mesmos, no entanto, não o puderam fazer e voltaram à Abu Bakr e insistiram que ele mesmo tomasse a decisão. Ele escolheu Umar Ibn Al-Khattab. Alguns dos homens expressaram suas preocupações sobre Umar ser muito ríspido. Abu Bakr respondeu que Umar era o melhor dentre eles, então, apesar das ressalvas de algumas pessoas, Umar assumiu a liderança da Ummah em 634 E.C. na morte de Abu Bakr.
O próprio Umar estava ciente de sua reputação de severidade, e sua primeira ação foi falar ao povo e esboçar suas expectativas, particularmente sobre si mesmo. Seu discurso não nos deixa dúvida de que não procurava elogios, nem estava buscando por grandeza. Ele, no entanto, queria defender o legado do Profeta Muhammad. Começou dizendo: “Ó povo, saibam que fui designado para governar seus assuntos, então reconheçam que minha severidade agora está enfraquecida, mas continuarei sendo duro e agressivo com o povo da opressão e transgressão...” Foi durante o Califado de Umar que a infraestrutura religiosa e política ideal islâmica foi formada e consolidada. Ele deu significado e demonstrou essas palavras do Alcorão:
“Ó vós que credes! Sede constantes na equanimidade, testemunhando por Allah…” (Alcorão 4:135)
O reinado de Umar ibn Al-Khattab viu a pequena nação islâmica baseada em Medina se transformar em uma potência mundial. As fortalezas militares foram formadas e posteriormente transformadas em algumas das grandes cidades do califado islâmico como Basra, Damasco, Kufa e Fustat, a cidade hoje conhecida como Cairo. Umar dividiu esse califado em províncias e nomeou governadores cujas responsabilidades e autoridade foram claramente definidas. Quaisquer administradores corruptos foram severamente punidos. O executivo e o judiciário foram separados e os qadis foram nomeados para administrar a justiça de acordo com os princípios islâmicos.
O Califa Umar insistiu que seus governadores nomeados vivessem vidas simples e fossem acessíveis ao povo o tempo todo, e ele mesmo deu esse exemplo. Ele costumava ser encontrado entre as pessoas ou na mesquita onde suas roupas e comportamento implicavam que ele era indistinguível do homem comum. Umar também passou muitas noites vigilantes em busca de alguém que precisasse de ajuda ou assistência. Há vários ahadith que atestam as vigílias quase noturnas de Umar, andando pelas ruas de Medina. Havia pessoas pobres e viajantes famintos com quem cozinhava e bebês nascidos com a ajuda da esposa de Umar ibn Al-Khattab. Ele foi capaz de descobrir o que as pessoas comuns pensavam e poderia criar ou alterar pareceres de acordo. Por exemplo, o salário das crianças geralmente pago no desmame foi alterado para pago no nascimento, incentivando as mães a não acelerar o tempo de desmame.
Uma história em particular é a da empregada de leite incentivada por sua mãe a adulterar o leite para ganhar mais dinheiro. Umar ibn Al-Khattab ouviu a conversa em que a criada desafiava sua mãe e disse que, embora pudessem enganar o Califa e o povo, nunca poderiam esconder o engano de Allah. Umar incentivou seu filho a se casar com essa garota por causa de seus valores e princípios islâmicos. Certa vez, uma mulher apresentou uma queixa contra o próprio Califa. Quando Umar ibn Al-Khattab apareceu diante do qadi, ele se levantou como um sinal de respeito pelo Califa. Umar o repreendeu, dizendo: "Este é o primeiro ato de injustiça que você cometeu contra essa mulher!"
Ao longo desta expansão significativa da Ummah, Umar ibn Al-Khattab controlou de perto a política geral e estabeleceu os princípios para administrar as terras conquistadas. A estrutura da prática jurídica islâmica é devida a ele. Umar era um administrador excepcional. Ele estabeleceu um conselho de Shura, onde procurou e tomou conselhos sobre questões de estado; decisões importantes foram tomadas somente após um debate aprofundado.
Umar estabeleceu a instituição conhecida como Diwan, pela qual os pagamentos anuais do tesouro público eram pagos a todos os membros da Ummah. Os departamentos de finanças, contabilidade, tributação e tesouraria foram totalmente organizados. Polícia, prisões e unidades postais foram estabelecidas e soldados nos vastos exércitos muçulmanos foram pagos. Os professores também foram remunerados à medida que a educação era incentivada. O estudo das ciências islâmicas, idioma, literatura, escrita e caligrafia receberam patrocínio e mais de 4.000 mesquitas foram construídas. A padronização do texto do Alcorão foi concluída durante o seu califado.
Umar ibn Al-Khattab estava ansioso por avançar a Ummah muçulmana, utilizando tecnologia e técnicas de construção conhecidas nas terras que conquistaram. A construção de moinhos de vento, como os usados na Pérsia, foi incentivada em todo o califado. Pontes e estradas antigas foram consertadas e novas foram construídas. Dizem que um viajante poderia se mudar com facilidade do Egito para Coração, na Ásia Central. Os vastos territórios da Ásia Ocidental e do Norte da África estavam ligados em uma zona de livre comércio. Foi feito um censo populacional e Umar estabeleceu o calendário islâmico a partir da Hégira do Profeta Muhammad.
Triste e ironicamente, Umar, um homem que defendia a justiça para todos foi assassinado por causa de um veredicto que ele dera em um caso civil. Um dos companheiros, Mugheera bin Sho'ba, alugou uma casa para um carpinteiro persa chamado Abu Lulu por dois dirhams por dia, uma quantia que Abu Lulu considerava muito alta. Ele reclamou com o Califa Umar ibn Al-Khattab, que reuniu todos os fatos e determinou que o aluguel era justo. Esse pequeno incidente precipitou o fim do reinado de 10 anos de Umar como o segundo Califa da Ummah. Abu Lulu prometeu tirar a vida do Califa. Na manhã seguinte, Umar foi à mesquita e, enquanto liderava a oração, recitando o Alcorão, Abu Lulu enfiou a espada de dois gumes no estômago do califa. O sangramento interno não pôde ser interrompido e Umar ibn Al-Khattab, líder dos fiéis, faleceu no dia seguinte. O ano foi 644 EC.
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