Os Califas Bem Guiados: Abu Bakr (parte 2 de 2)
Descrição: Uma continuação da breve biografia do companheiro, amigo e sogro do Profeta Muhammad, Abu Bakr.
Por Aisha Stacey (© 2013 NewMuslims.com)
Publicado em 02 Jan 2020 - Última modificação em 17 Mar 2015
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Objetivos:
·Entender a importância do papel de Abu Bakr na história do Islam.
·Reconhecer a relação especial entre o Profeta Muhammad e Abu Bakr.
Termos em árabe:
·Caaba - A estrutura de forma cúbica localizada na cidade de Meca. Serve como ponto principal para o qual os muçulmanos dirigem-se ao rezar.
·Sunnah - A palavra Sunnah tem vários significados segundo a área de estudo; contudo o significado que geralmente se lhe atribui é: palavras, ações e aprovações do Profeta.
·Zakah - Caridade obrigatória.
·Ummah - Refere-se à toda comunidade muçulmana, a despeito de cor, raça, idioma ou nacionalidade.
Abu Bakr, o protetor (continuação)
·Os dois amigos Abu Bakr e o Profeta Muhammad, que a misericórdia e as bênçãos de Allah estejam sobre ele, se viam todos os dias e todos os dias a amizade deles crescia. Abu Bakr sentiu que era seu dever proteger o Profeta Muhammad. Um dia, enquanto rezava na Caaba, o Profeta Muhammad foi atacado. Uma briga que começou como provocação rapidamente se transformou em abuso físico. Quando Abu Bakr foi informado, ele correu para a Caaba e empurrou-se para o meio da luta, gritando: "Você mataria um homem por dizer que Allah é o seu Senhor?"[1] Os mecanos ficaram momentaneamente atordoados, mas depois caíram sobre Abu Bakr, espancando-o tanto que o sangue correu livremente e emaranhou seus cabelos. Embora tenha apanhado até perder a consciência, a sunnah nos informa que as primeiras palavras de Abu Bakr, ao acordar, foram para indagar urgentemente sobre a condição do Profeta Muhammad, que a misericórdia e as bênçãos de Allah estejam sobre ele.
·Em outra ocasião, quando o profeta Muhammad estava rezando no mesmo local, um dos líderes de Meca jogou um pedaço de pano em volta do seu pescoço e começou a estrangulá-lo. Havia muitas pessoas assistindo, mas nenhuma era corajosa o suficiente para impedir o assédio, exceto Abu Bakr, que correu e lutou contra a pessoa que atacava seu amado amigo.
Abu Bakr migra
·Um dia, no calor do sol do meio-dia, o Profeta Muhammad visitou a casa de Abu Bakr. Ele revelou a seu amigo que Allah dera-lhe permissão para deixar Meca. Aisha narra que seu pai chorou quando soube que ele seria o companheiro do Profeta Muhammad na jornada. Ele não chorou de medo, mas de alegria. Abu Bakr ficou impressionado com o fato de que ele seria o único a acompanhar e proteger o Mensageiro de Allah.
Naquela mesma noite, o Profeta e Abu Bakr saíram para a paisagem noturna do deserto, e Allah os protegeu com uma teia de engano. Abu Bakr e o Profeta Muhammad estavam indo para Yathrib (mais tarde chamada Medina), mas sabiam que os mecanos ficariam furiosos e os procurariam em todos os lugares; assim, eles se esconderam por três noites em uma caverna ao sul de Meca. A equipe de busca chegou tão perto que Abu Bakr pôde ver a parte de cima de seus sapatos. Eles ficaram do lado de fora da caverna, mas não entraram porque Allah os cegou de ver a entrada.
Abu Bakr, o guerreiro
·A primeira batalha em que a nova nação muçulmana se envolveu foi a Batalha de Badr; os homens se recusaram a deixar que o Profeta Muhammad ficasse na linha de frente e construíram-lhe um abrigo na retaguarda das tropas. Foi Abu Bakr quem se ofereceu para guardar seu Profeta. Ninguém mais estava disposto a fazê-lo, possivelmente porque eles queriam estar no meio da batalha; no entanto, Abu Bakr entendeu que a vida do Profeta Muhammad era de maior importância. Enquanto o Profeta Muhammad estava no abrigo, Abu Bakr podia ser visto andando de um lado para o outro, sua espada desembainhada, pronta para defender seu companheiro. Mais tarde na batalha, o Profeta Muhammad liderou o batalhão central e Abu Bakr o flanco direito.
·Em 630 E.C., o Profeta Muhammad decidiu liderar uma expedição à Tabuk, na fronteira com a Síria. Uma grande quantidade de gado e equipamentos foram necessários para a expedição, de modo que ele solicitou contribuições e doações de seus seguidores. Dizem na sunnah que Abu Bakr deu toda a sua riqueza para financiar essa batalha. Quando o Profeta Muhammad perguntou quanto ele havia doado, Abu Bakr disse: “Trouxe tudo o que tinha. Eu deixei Allah e Seu Profeta para mim e minha família.”[2]
Abu Bakr, o Califa
·Abu Bakr liderou os muçulmanos durante os momentos mais intensos e difíceis que haviam incorrido a Ummah. O Profeta Muhammad falecera e várias tribos se rebelaram, recusando-se a pagar o zakah. Ao mesmo tempo, houve impostores que reivindicaram a missão profética e começaram a se revoltar. Nessas circunstâncias, muitos aconselharam Abu Bakr a fazer concessões, mas ele discordou, insistindo que não havia distinção entre nenhum dos pilares do Islam, especialmente comparando o zakah à oração. Ele insistiu que qualquer compromisso corroeria os fundamentos do Islam. As tribos rebeldes atacaram, no entanto, os muçulmanos estavam preparados e sua defesa foi liderada com sucesso por Abu Bakr, o próprio Califa. Ele também forçou os falsos pretendentes à missão profética a retratar suas reivindicações e a maioria deles se submeteu à vontade de Allah, reingressando na Ummah.
Abu Bakr morreu em agosto de 634 aos 63 anos. Ele foi enterrado ao lado de seu querido amigo e líder, o Profeta Muhammad. Em seu breve califado de 27 meses, havia fortalecido a Ummah muçulmana de perigos que ameaçavam sua existência.
O amor e a devoção de Abu Bakr ao Profeta Muhammad foram lembrados com carinho mesmo após sua morte. O quarto Califa Bem guiado, Ali ibn Abi Talib falou no funeral de Abu Bakr e emocionou os enlutados com histórias de sua bravura. “Você o apoiou (ao Profeta Muhammad) quando outros o abandonaram, e permaneceu firme em ajudá-lo em infortúnios quando outros haviam retirado seu apoio. Você tinha a voz mais baixa, mas a maior distinção. Sua conversa era exemplar e seu raciocínio o mais justo; seu silêncio durava muito tempo e seu discurso, o mais eloquente. O mais corajoso dentre os homens e bem informado sobre os assuntos, sua atitude era digna.”
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