Entendendo a estereotipagem midiática
Descrição: Uma pequena descrição dos estereótipos midiáticos, como funcionam e como divulgam preconceitos. Isso é seguido de sugestões para combater seus efeitos negativos.
Por Aisha Stacey (© 2017 IslamReligion.com)
Publicado em 14 Jan 2020 - Última modificação em 22 Aug 2017
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Objetivos
·Entender o signficado da palavra "estereótipo" e o termo "estereótipo midiático"’.
·Aprender estratégias para combater os estereótipos midiáticos.
O que é um estereótipo?
Um estereótipo é uma generalização usada para descrever ou distinguir um grupo de pessoas e elas não são todas ruins. No entanto, o problema dos estereótipos é que eles geralmente exageram ou simplificam demais, levando algumas pessoas a julgar outras com base em conhecimento ou compreensão inadequados. Isso resulta em informações distorcidas ou incompletas sendo aceitas como fato.
Todos nós partimos de uma perspectiva tendenciosa porque só temos uma única visão do mundo; só podemos ver o que está diante dos nossos olhos, ouvir o que está ao nosso redor e ler o que está à nossa frente. Portanto, quando somos apresentados aos mesmos estereótipos, tendemos a ver o que esperamos ver. E nós temos a tendência de torcer e distorcer as características dos outros até que se ajustem aos nossos estereótipos.
A estereotipagem pode ser útil; ela nos ajuda a nos localizar no mundo e a determinar nossa raça, classe, gênero, religião ou cultura, etc. À medida que envelhecemos, devemos ser capazes de ir além de nossas próprias tendenciosidades e preconceitos, usando habilidades de pensamento crítico para formar mais opiniões equilibradas. Aprendemos a processar as informações e tirar conclusões da experiência e do conhecimento. O problema com os estereótipos midiáticos é que nós, membros da audiência, somos bombardeados com mais informações do que podemos facilmente processar. Somos incapazes de separar fato de ficção, porque as opiniões tendenciosas de outras pessoas são apresentadas e representadas como verdade inegável. Os seres humanos gostam, querem e precisam categorizar o mundo ao seu redor em pequenos grupos organizados, porque isso nos ajuda a determinar nosso lugar no mundo, e os estereótipos da mídia exploram essa necessidade.
Estereotipagem midiática
A mídia usa estereótipos para definir as pessoas de maneiras fáceis de categorizar para espectadores ou leitores. Esses estereótipos midiáticos reduzem grupos de pessoas para uma dimensão sem variedade, profundidade ou complexidade reais. E quando envolve-se em estereótipos contínuos, a mídia marca alguns grupos de pessoas de uma maneira que não retrata a realidade. O estereótipo de muçulmanos, que tem sido galopante desde o início da guerra contra o terror, levou o Islam e os muçulmanos à vanguarda da mídia global. A cobertura aumentou dramaticamente, e o Islam e os muçulmanos, foram enquadrados sob uma luz muito desfavorável.
A retórica envolvida na guerra contra o terror levou a um aumento no medo e no ódio ao Islam, o que por sua vez levou a um aumento na cobertura da mídia, retratando os muçulmanos como atrasados e propensos à violência, e o Islam como sendo inerentemente problemático. De acordo com uma mesa redonda sobre a islamofobia realizada em Estocolmo em 2014, a associação regular do islam e dos muçulmanos ao crime e terror na mídia e na internet é vital para a disseminação da islamofobia[1]. Os estereótipos midiáticos permitem que os leitores e telespectadores passem à suposição de que os terroristas que afirmam ser muçulmanos estão de alguma forma representando todos os muçulmanos e todo um modo de vida. Quando essas generalizações são refletidas em comunidades muçulmanas inteiras e diversas em todo o mundo, resultam em sentimentos anti-muçulmanos generalizados na forma de discursos de ódio, crimes de ódio e discriminação.
Há uma diferença entre o Islam e as ações de alguns muçulmanos, e como muçulmanos somos capazes de ver e entender isso. No entanto, aqueles que não têm interação ou relacionamento com muçulmanos são incapazes de ver a diferença, especialmente quando a mídia está estruturando eventos mundiais de tal maneira que as palavras terrorista e muçulmano se tornam intercambiáveis. Os muçulmanos tendem a ser predominantemente enquadrados sob uma luz negativa e o Islam retratado como uma religião violenta [2]. A escolha das palavras é um aspecto fundamental do enquadramento da mídia e contribui para a disseminação do preconceito. O uso de linguagem desigual e o foco em referências negativas nos apresentam uma versão da realidade que tem pouca semelhança com a verdade.
O que os não-muçulmanos podem fazer para prevenir o estereótipo midiático?
1.Verificação de fato. Não acredite em tudo que você lê ou ouve. Pesquise os fatos.
2.Cuidado com a linguagem. Não use expressões como terrorismo islâmico ou terrorista muçulmano.
3.Informe-se. Esforce-se para aprender os básicos do Islam.
4.Conheça um muçulmano. Tente interagir com um muçulmano no trabalho ou em sua vizinhança.
5.Desafie os estereótipos. Quando ouvir comentários islamofóbicos, desafie-os.
6.Respeite a diversidade. Evite rótulos e permita que as pessoas sejam elas mesmas com uma variedade de práticas e costumes culturais.
Aprenda sobre o uso da linguagem na mídia e como a linguagem pode construir realidades sociais.
O que os muçulmanos podem fazer para combater os estereótipos midiáticos?
1.Ofereça recursos para educar a mídia e o público em geral.
2.Distribua panfletos e livros nos centros comunitários e livrarias.
3.Organize reuniões com o governo local e meios de comunicação.
4.Escreva cartas e artigos de opinião para os jornais locais.
5.Ajude a organizar um dia de portas abertas na sua mesquita ou centro islâmico.
6.Convide não-muçulmanos para palestras sobre o Islam ou para reuniões na mesquita.
7.Convide seus vizinhos não-muçulmanos para a sua casa ou celebrações do Eid.
8.Participe das instituições de caridade locais, enfatizando a dedicação do Islam à justiça social.
9.Utilize plataformas de mídia social. Divulgar as coisas extraordinárias que os muçulmanos estão fazendo em suas comunidades locais.
10.Treine porta-vozes muçulmanos para interagir com a mídia para garantir que os comentários não sejam deliberadamente retirados do contexto.
Mais de mil jovens muçulmanos com 15 anos ou mais do Reino Unido, EUA e Austrália relatam em entrevistas que reportagens negativas sobre o Islam e os muçulmanos são injustas, humilhantes e frustrantes.[3] E é justo dizer que muçulmanos de todas as idades sofrem quando veem continuamente seu modo de vida ser difamado, ou leem sobre a responsabilidade que lhes é atribuída pelas muitas atrocidades perpetradas em todo o mundo. Ser forte diante das adversidades é muito mais fácil dizer do que fazer. As sugestões acima ajudarão a dissipar muitos dos mitos que circulam sobre o Islam, mas, enquanto isso, precisamos praticar a paciência. Podemos reforçar nosso bem-estar mental e espiritual das seguintes maneiras:
1. Fortalecer nossa conexão com Deus; faça as orações nos devidos horários, suplique com frequência e contemple os nomes de Deus.
2. Tente imitar a paciência e a tolerância dos profetas que certamente enfrentaram maiores dificuldades do que hoje.
3. Aceite que todo poder e força vem somente de Deus; Ele é o mais sábio e capaz de ver o quadro geral.
4. Certifique-se de que, se o Profeta Muhammad, que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele, estivesse entre nós, não teríamos vergonha de nossa identidade e práticas islâmicas.
Notas de rodapé:
[3] The University of South Australia’s International Centre for Muslim and non-Muslim Understanding. (O Centro Internacional da Universidade da Austrália do Sul para o entendimento muçulmano e não-muçulmano)
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